terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dor latente

Clamam todos sem muito clamar!
Que briga afoita!
Que voz pungente!
Que grito armado!
Que dor latente!

Latente?
Quem poderia dizer?
Se aqueles que a sentem a fingem,
a desmentem,
disfarçam até seu gemer?

Não os julgo corvades,
até eu dessa lamúria tenho medo.
Ao comum feri-lhe por dentro
(com o mais pulsante vigor),
Mas deixai que os outros a descubram
[para descobrir verdadeiramente o mal dessa dor!

Assim encara-se aqueles que a sofrem calados
(ou os que romperam esse tumor),
aos segundos cabe a miséria dada pelos que sabem os leprosos que eles são
aos primeiros a morte bem lenta, inexpressiva de seu ser.
Pois quem desta dor não se liberta, o seu eu não deixa viver.